A FECAN foi até Amsterdã acompanhar a conferência pioneira e líder em pesquisa psicodélica na Europa: o ICPR 2024. Confira nossas impressões sobre o evento.
O ICPR (Interdisciplinary Conference on Psychedelic Research) reúne especialistas líderes mundiais em várias disciplinas acadêmicas, incluindo psiquiatria, psicologia, neurociência, antropologia, etnobotânica e filosofia, para uma conferência científica multidisciplinar que abrange academia, terapia, pesquisa, prática clínica, formulação de políticas e engajamento público.
Os estudos com psicodélicos em prol da saúde atualmente são MDMA, Ayuhasca, Psilocibina, LSD e DMT (Dimethyltryptamine).
Os resultados dos estudos apresentados pelos palestrantes são promissores na cura – ou ao menos na atenuação – dos efeitos do transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático, depressão, transtorno alimentares, bem como na aceitação da morte, principalmente quando há necessidade de cuidados paliativos para doentes terminais.
Psilocibina
Estudos demonstraram resultados positivos quanto à redução ou atenuação dos efeitos de uma depressão profunda e sem a necessidade de interromper o uso de medicamentos antidepressivos.
No Canadá, a psilocibina já é oferecida através do serviço de saúde para tratamento de transtorno por uso de álcool, depressão, além de sofrimento psicológico no final da vida em pacientes com câncer em estágio avançado, de forma cumulativa com psicoterapia.
DMT (Dimethyltryptamine)
Assim como outros psicodélicos serotoninérgicos, o DMT é considerado não viciante e é bem tolerado na fisiologia humana. A farmacêutica britânica Small Pharma, recebeu aprovação regulatória para usar a substância psicodélica em estudo com humanos para tratamento de depressão.
O Professor Mathias Leich do Hospital Basel Switzerland apresentou um estudo de extrema relevância demonstrando que dosagens controladas podem ser aplicadas com segurança quando os pacientes interrompem o uso de antipsicóticos.
Ayuhasca
O ICPR mostrou que a Ayuhasca pode beneficiar a saúde do cérebro bloqueando a neurodegeneração e regulando a produção de compostos antioxidantes que ajudam a proteger as células cerebrais de danos causados pela falta de oxigênio aumentando a sobrevivência celular.
A Harimina, o principal β-carbolina na Ayahuasca, produz efeitos anti-inflamatórios, neuroprotetores e de aumento de memória. Um estudo demonstrou que a exposição à harmina aumentou o crescimento de células progenitoras neurais humanas em mais de 70% em 4 dias. Essas células geram o crescimento de novas células neurais no cérebro.
LSD
Um estudo do Imperial College of London demonstrou que a eficácia da intervenção com LSD em pacientes com transtorno por uso de álcool se mostrou positiva em termos de controle da abstinência.
Da mesma forma para o tratamento de neurose depressiva, reação obsessivo-compulsiva, reação fóbica, estado de ansiedade, histeria, psiconeurose com sintomas somáticos, transtorno de caráter, neurose sexual, além de ansiedade e depressão foram apresentados resultados positivos.
MDMA
A Austrália é o primeiro país do mundo a regulamentar o MDMA (também conhecido como ecstasy), para tratamento de condições como transtorno de estresse pós-traumático, depressão, alcoolismo e transtornos alimentares que tenham sido previamente resistentes a outros tratamentos e após um longo processo de avaliação psiquiátrica prévia.
Nos EUA, o MDMA está na última fase de ensaios para aprovação pelo FDA como uma alternativa ao tratamento do transtorno por estresse pós-traumático.
O Brasil teve um importante representante no evento: a CAMP (Centro Avançado de Medicina Psicodélica), que apresentou estudos e pesquisas focados na DMT.
Para saber mais sobre a CAMP, siga @camp.educ no Instagram.